segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desaventuras de Uma Adolescente de Ressaca (Parte V)

- Oi safadinha.

- Por favor, não piora as coisas pra mim. O meu dia foi uma droga, eu não estou me sentindo bem, eu acordei do lado de um cara que eu não conheço...

Foi necessário essas palavras saírem de sua boca para Camila cair em prantos.

- Ei, ei. Calma. – Caio a abraçava carinhosamente e um sentimento de conforto cresceu dentro de Camila, que já nem se importava com o fato de eles nem conversarem direito na escola. – Eu estava só brincando contigo. E eu tenho uma coisa aqui que vai te acalmar. – Ele tirou do bolso aquela cartelinha contendo duas pequenas pílulas.

- É, já estou muito melhor agora. Muito obrigada.– Camila dizia soluçando, mas já sã o suficiente para ficar totalmente sem graça e soltar Caio. – Tudo bem mesmo se eu te pagar segunda?

- Claro, nem te esquenta. Ou melhor, fica como presente.

- Sério? Eu nem sei como te agradecer.

- Ah, isso a gente pode vê depois. – Ela não teve como não rir com esse comentário.

- Muito obrigada de novo. Agora eu vou indo. Então, até segunda!?

- Até segunda.

Camila já foi indo para o outro lado da rua à outra parada que voltava ao centro. Ela sentia que tinha que ir embora rápido, pois não sabia como lidar com aquela situação estranha que ficou entre os dois. Ela nunca tinha percebido antes que o Caio poderia ser tão legal. Na verdade, ela nunca tinha realmente reparado nele. Afinal, ela não reparava em ninguém.

- Tomara que ele fale comigo de novo. Que ele não tenha pensado que eu seja uma louca e ou tenha vergonha que os amigos dele vejam ele falando comigo. Pena eu não ter falado com ele antes.

Que alívio ver o ônibus se aproximando e saber que em breve ela chegaria na casa da Amanda e tudo finalmente acabaria.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Desaventuras de Uma Adolescente de Ressaca (Parte IV)

- Será que é aqui que pega o ônibus?... Ô moça: o ônibus que vai pra Vila São Sebastião passa aqui nessa parada?

- Passa sim. Eu vou nesse também. Se tu quiser eu te aviso quando ele chegar.

- Ah, obrigada. – Camila foi aos poucos se afastando da senhora a quem pediu informação, com medo que ela desejasse interagir.


- Olha o tipo de gente que pega esse ônibus. Como eu fui me meter nisso. Foco Camila, foco. É o teu futuro que está em jogo. E daí também se eu for assaltada. Nem tenho dinheiro mesmo. Um celular novo eu consigo rapidinho. Se alguém ainda fizesse o favor de me matar... Hahahaha. Eu estou indo de mau a pior...

- Guria. É esse o ônibus. - A senhora a tirou daquele transe em que ela amava entrar.

- Obrigada.


Camila pediu ao cobrador que a avisasse quando chegasse a sua parada, assim como o Caio a orientara, mas ela estava muito aflita, já que fazia quase 40 minutos que ela subira no ônibus. E se ela se atrasasse e o Caio não a esperasse? Era o seu maior medo, afinal, tudo iria por água abaixo.

Antes de perguntar pela quarta vez ao cobrador se já não havia passado a parada, ele a chamou e disse que seria a próxima.

- Ah, não agüentava mais. E é verdade o Super Mercadão é bem aqui... e olha lá o Caio. – Caio estava escorado em um muro ali perto. Ele parecia tão bonito. Camila ficou ali, parada, observando enquanto ele se aproximava aos poucos.